A circulação entupida, tecnicamente chamada de doença arterial obstrutiva periférica (DAOP), é uma doença crônica e progressiva, o que significa que não tem cura e tende a evoluir para os estágios mais avançados se não tratada.
Assim como os outros órgãos e sistemas do nosso corpo, a circulação também envelhece com o passar dos anos, de forma que é esperado que todos, após certa idade, apresentem algum grau de aterosclerose e entupimento da circulação. Isso quer dizer que todos nós passaremos pelos estágios iniciais dessa doença em algum momento da vida.
Nas fases iniciais do processo de entupimento da circulação das pernas normalmente o organismo consegue adotar alguns mecanismos compensatórios, fazendo com que o paciente não apresente qualquer sintoma. Com o passar do tempo e a progressão da doença esses mecanismos (ex.: vasodilatação) passam a não ser mais suficientes e o paciente começa a apresentar dor na perna durante a caminhada.
Esse sintoma é bastante específico e sua presença deve chamar a atenção para a possibilidade de alteração na circulação. Nessa etapa, o paciente não sente dor em repouso ou quando realiza pequenos deslocamentos. A dor aparece somente durante caminhadas mais longas ou em plano inclinado e vai aumentando de intensidade à medida que o paciente segue caminhando, até chegar o momento em que o mesmo é obrigado a interromper a caminhada. Uma pausa de alguns poucos minutos em geral é suficiente para aliviar a dor e permitir ao paciente continuar caminhando.
A dor da claudicação intermitente é descrita como queimação ou pontada, geralmente aparece na panturrilha e o principal parâmetro que avaliamos para determinar a gravidade do sintoma é a distância de caminhada até o início da dor. Conforme a doença avança, o paciente passa a ser capaz de caminhar distâncias cada vez menores.
Quando o paciente não recebe o tratamento e orientações adequadas a tendência é que em algum tempo passe ao próximo estágio, que é o de dor em repouso. Aqui cabe observar que existem muitas causas para dor nos pés/pernas que podem ser confundidas com a dor de origem vascular. Algumas particularidades da dor de repouso vascular são: ser de forte intensidade; pode ser intermitente, mas caracteristicamente piora quando o paciente se deita, atrapalhando o sono noturno; geralmente está associada a alterações de cor e/ou temperatura do pé. Nesse estágio em geral o paciente precisa de analgésicos fortes para ter conforto.
Finalmente, o último estágio da circulação entupida dos membros inferiores é representado pela presença de feridas ou necrose nos pés/pernas. Essas feridas podem aparecer de forma espontânea ou após algum trauma local, mas não irão cicatrizar e normalmente estarão associadas ao sintoma de dor de repouso mencionado no parágrafo acima.
Sobre os pacientes diabéticos, cabe uma ponderação importante no que se refere a dor nos pés: muitos desses pacientes, por apresentarem neuropatia diabética, não são capazes de sentir dor nos pés. Logo, o estágio de dor de repouso pode passar despercebido e o paciente só descobrir a doença com o aparecimento de uma úlcera ou necrose.