Por que pacientes diabéticos estão mais sujeitos a feridas nos pés?

Um dos principais problemas relacionados aos pacientes diabéticos é a maior incidência de feridas nos pés em comparação aos não diabéticos. Esse quadro é tão comum que recebeu até um nome próprio: Pé Diabético. Para se ter uma idéia da gravidade do problema, um paciente diabético tem até 40 vezes mais chances de sofrer uma amputação (dedos, pés ou pernas) em relação à população geral e, estatísticas do dataSUS estimam que o pé diabético esteja relacionado a 85% das amputações realizadas na rede pública.

Objetivamente o paciente diabético tem 4 grandes fatores que o tornam mais suscetível a ter feridas nos pés:

  • Neuropatia periférica: redução ou ausência de sensibilidade nos pés provocada pela destruição dos neurônios sensitivos dos pés/pernas pela glicemia constantemente elevada. Com frequência o paciente lesiona os pés e não percebe
  • Isquemia: entupimento da circulação arterial, reduzindo o suprimento de sangue que chega às extremidades, especialmente dos membros inferiores. Essa condição fragiliza a pele dos pés.
  • Infecção: os níveis de glicose elevados prejudicam a atuação do sistema imune que combate infecções. Com isso, pacientes com diabetes descompensado têm grande propensão a infecções de pele.
  • Deformidade óssea (Pé de Charcot): são alterações no formato dos pés que ocorrem em pacientes com diabetes mal controlado de longo prazo. Causam mudanças significativas na estrutura dos pés, alterando os pontos de maior pressão durante a pisada e, por isso, comumente levam a formação de lesões na região plantar (“sola”).

Os sintomas associados a um risco elevado de evolução para o chamado Pé diabético, além da perda de sensibilidade/dormência nos pés, incluem queimação, formigamento, sensação de “pontada” ou “facada” nos pés e fraqueza nas pernas. Sinais como ressecamento e rachaduras na pele, ausência de pelos e deformidades nas unhas também devem ser entendidos como um sinal de alerta.

Apesar do exposto, cabe ressaltar que pacientes diabéticos que realizam tratamento regular e mantêm a glicemia constantemente controlada, têm baixo risco para as complicações relacionadas ao Pé diabético. 

Além do controle glicêmico, outra medida fundamental a ser adotada é o cuidado rigoroso com os pés no dia a dia. Isso inclui secar bem os pés após o banho, especialmente na região entre os dedos; nesse momento recomenda-se o autoexame com inspeção visual, buscando sinais iniciais de lesões (frieiras, cortes, rachaduras, calos) que possam ter passado despercebidas pela ausência de sensibilidade; evitar andar descalço e dar preferência a calçados confortáveis, mesmo dentro de casa; cuidado ao cortar as unhas (corte “quadrado”), evitando retirada das “cutículas”; manter boa higiene; lavar os pés com água morna e sempre testar a temperatura da água antes de submergir os pés

A confirmação diagnóstica é feita pelo exame clínico, durante a consulta médica. O tratamento mais indicado dependerá do estágio em que se encontra o paciente: aqueles com lesões superficiais e sem destruição tecidual receberão orientações de curativos associadas ou não ao uso de antibióticos; pacientes com lesões profundas associadas à necrose e/ou drenagem de secreção infectada dificilmente poderão se recuperar sem uma intervenção cirúrgica (que deve ser associada, também, ao uso de antibióticos e rotina de curativos diários). Orientações de medidas preventivas devem ser oferecidas a todos os pacientes.

Curiosidade: O que é o Mal perfurante plantar? 

É um tipo de lesão muito associada ao Pé diabético, especialmente após o desenvolvimento das alterações estruturais relacionadas ao Pé de Charcot. Trata-se de uma lesão ulcerada na região plantar do pé, por vezes muito profunda, podendo até mesmo chegar ao nível do osso. Os fatores que propiciam sua ocorrência são a ausência de sensibilidade nos pés associada a mudanças do seu formato, o que pode alterar os pontos de maior pressão para cima das proeminências ósseas. Inicialmente há a formação de calos em locais atípicos. Se não reconhecidos e tratados a tempo, evoluirão para ulcerações.

Gostou deste conteúdo? Compartilhe com quem você acredita que irá precisar.

Leia também sobre: Feridas que não cicatrizam.

Siga o perfil no Instagram

Curta no Facebook

Inscreva-se no Youtube