O tratamento endovascular é uma técnica cirúrgica inicialmente descrita pelo americano Charles Dotter na década de 1960, como alternativa aos procedimentos convencionais com incisão cirúrgica. O primeiro caso realizado foi de uma senhora de 82 anos que apresentava dor e necrose no pé devido ao estreitamento arterial, não era uma boa candidata à operação e o caso evoluía para a amputação. Dotter usou uma corda de guitarra como fio guia e um cateter, que dilatou a artéria. A paciente foi embora andando e com as lesões cicatrizadas.
Apesar do sucesso inicial, a técnica apresentou seu grande “boom” somente na década de 1990 após o relato do primeiro caso de aneurisma de aorta pelo médico argentino Juan Carlos Parodi.
Objetivamente, o tratamento endovascular busca solucionar as doenças da circulação “navegando” pelo interior dos vasos sanguíneos, sem a necessidade de cortes ou incisões. Os materiais cirúrgicos são levados até o local a ser tratado através de um pequeno orifício, normalmente feito na região da virilha ou nos braços.
Os materiais usados são específicos para essa finalidade e têm fundamental importância para o sucesso técnico do procedimento. Os mais frequentemente usados são: cateteres, fios guia, bainhas introdutoras, cateteres-balão, stents e endopróteses.
Com o avanço tecnológico dos materiais e o refinamento das técnicas nas últimas 2 décadas, uma quantidade cada vez maior de doenças pode ser tratada com a técnica endovascular.
As principais vantagens do tratamento endovascular sobre a cirurgia convencional são:
- Menor agressão cirúrgica e, portanto, menor risco envolvido com o procedimento
- Menor tempo de recuperação pós operatória
- Menor tempo de internação hospitalar e em unidade de terapia intensiva (UTI) após o procedimento
- Menor perda sanguínea associada ao procedimento
- Menos dor no pós operatório
- Menor risco de infecção relacionada ao procedimento
- Possibilidade de inúmeras reoperações do mesmo segmento, quando necessário
Com esses benefícios foi possível ampliar as indicações de procedimentos que em outros tempos não eram realizados pelo elevado risco envolvido (ex: em pacientes idosos ou portadores de doenças graves). Além disso, pelo menor tempo de internação, menor perda sanguínea e menor taxa de infecção, foi possível reduzir os custos envolvidos com os procedimentos, um parâmetro de extrema relevância, principalmente quando pensamos a nível de saúde pública.
Atualmente são passíveis de tratamento endovascular as seguintes doenças vasculares:
- Aneurismas de aorta e de quaisquer outras artérias (ex: femoral, poplítea, cerebral, carótida, renais, etc)
- Entupimento das artérias carótidas, dos membros inferiores, renais, intestinais, etc
- Traumas vasculares, com sangramento
- Casos específicos de trombose venosa e embolia pulmonar
- Miomas uterinos (sem retirada do útero – para mulheres que desejam engravidar)
- Malformações arteriovenosas
- Recuperação de fístulas arteriovenosas entupidas
- Varizes de membros inferiores com endolaser
Assista este vídeo explicativo: https://www.youtube.com/watch?v=7ju2LSL3Dz4
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